segunda-feira, 10 de março de 2008

Maria

Com o tempo Maria se refaz
Não mais ao circo com seu pai
Ela sob os degraus do ilusionista
Maria vai... sobe... desce... ai...
Voam os bilhetes na atmosfera
Ela vislumbra os holofotes
Brancos... conduzidos....
Olhares que buscam o céu
A dança das águas na arena
A música do Carequinha
Vai Maria vai levanta...
A luz já habita seus braços
Maria levanta leva sua filha
Compra pipoca e tringuilim
Atenta ao balanço... lembra do trapézio
Mortais soltos nas suas lembranças
Maria vai, vai leva a menina
Vai sorrindo com sua filha
E segue sua vida em paz!

♦ Claudia Almeida

domingo, 2 de março de 2008

Capital

Não é o verso estético que me atrai
O curso tortuoso de uma letra
Poeta em sintonia com Universo
Confesso deflagrado em belo e caos
Na forma geométrica da cúpula
Tangente encontrado em meio ao corte
Embora separados pela morte
Bambeia em fio de aço, a capital
Nas mãos do desenhista faz-se a obra
Circula retas linhas nas cabeças
Discursos palmilhados às avessas
Não tiram a beleza do local...

♦ Claudia Almeida & Nina Araújo
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P & B

A tela se abre em DVD
Imagens que ninguém sonha
Escravos desfazem o portal
Resgatam em preto e branco
Na luz vermelha o sangue
Traços sofridos sem cor
Em negro residem as argolas
Gritos e cânticos zen horas
Terreiros Unidos
Terra, terra, terra
Espiam os meninos finos
Babalaô!Baobás babalaô
Príncipes da África
Ajeum olhos de cebola
Em que quadras estão suas casas?

Claudia Almeida
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Rara


O balanço deste verso
Prioriza a dor sentida
No trapézio, a rede fora...
Desfolhar de margaridas
Peito arfante,o monge e a calma
Noite insone,o seu sorriso
Só não deixa em brancas nuvens
Um amor pra ser vivido...

Mata adentro sol na alma
Às vezes, flora aturdida
É mambembe a minha cara
Quando encaro a luz da vida
Colo inquieto de seus beijos
Garimpando a pedra rara
Só não deixo a folha em branco
Quando a mágoa nos separa...

Nina Araújo
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Na Viola


O tempo existe na ilusão
Um verso espanta a penumbra
Todo enigma tem sofreguidão
Quando não dança uma rumba
Se o horizonte é logo ali
Ou finda no torpor dos ais...
Consulto os meus ancestrais
Num samba pra bem-te-vi
Meu coco cai,mas não cai...
Tem cheiro doce o anis
E nunca o menos é mais
Na regra dos homens vis
O que importa é a roda
Que gira em feitio de bola
Mas sigo bem a viola
Pra mode ser bem feliz!!

Nina Araújo
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Oxigênio


Penso em acompanhar você
Num cinema, na praia ou numa visita
Depois de um tempo na faixa corrida
A cidade já é perfeita súbito beijo na área
No mês das águas já não choro no leito
Pois deito em seus braços pacíficos
Já não sinto o buraco negro nem ligo
Lencinhos só no pescoço...
Transformo minha caça em tesouro
Como último recurso...entregaram o amor
E descobrimos no fundo um balneário
Entre os seres mais admiráveis que estão por vir
Que muitas correntes nos levam ao encontro
E os mergulhadores a boca de um vínculo
A prova d'água e por uma descoberta
Anelam pela vida as águas e o oxigênio.
O que foi, o que é, o que será?

Claudia Almeida
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sábado, 1 de março de 2008

Córrego Das Letras


Debruçada em poesias
Entrego meus pensamentos
Poderia ser um varal de roupa
Penduradas, estendidas
Cândidas, encharcadas
Num leito de um rio
Primitivas pelo córrego
A espera de um viajante a ler
Como um barquinho de papel
Elas se foram, como frota amada
Em cada canal...
Deixaram de ser barquinho
Colocadas ao sol pra secar
Pra quem sabe predizer
Mañana no estaré en casa,
O horizonte há de abraçá-las.

Claudia Almeida
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